terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Imunologia do leite humano: como o aleitamento materno protege os bebês

 

 

O leite humano contém muitos elementos que ajudam e protegem as crianças através de uma série de mecanismos biológicos avançados e complexos. Para compreender plenamente o papel do aleitamento materno, é necessário saber como o recém-nascido e a criança chegam a um mundo cheio de micróbios e como o bebê desenvolve seus próprios diminutos mecanismos de defesa em resposta a eles. É importante que o sistema imunológico da mãe ajude o bebê, proporcionando componentes protetores através da placenta e, especialmente, através de seu leite.

(…) Antes do nascimento, o corpo do bebê é estéril e precisa ser colonizado por uma flora bacteriana normal. Esta flora não é uma ameaça, e ajuda a proteger o bebê contra muitas bactérias potencialmente perigosas, competindo com elas pelo espaço e pelos nutrientes. A forma mais eficiente de obter estas bactérias “boas” é através da mãe. É por isso que o bebê, assim como outros mamíferos, nasce perto do ânus da mãe. Além disso, após o parto, haverá uma transferência de bactérias geralmente não nocivas provenientes do ambiente do bebê, especialmente da mãe e da família.

Ao nascer, o sistema imunológico do bebê é muito pequeno, embora bastante completo. Ele se expande como resposta à exposição às bactérias que adquire, e ainda levará algum tempo até o bebê ter plena capacidade para se defender. (…)

Enquanto o sistema de defesa do bebê vai amadurecendo, ele precisa da ajuda da mãe. Esta ajuda vem da placenta e do leite materno. Durante a gravidez, a placenta transmite ao feto os anticorpos chamados imunoglobulinas G (IgG), que vêm do sangue da mãe. O feto tem uma boa quantidade de anticorpos IgG da mãe no momento do nascimento. Estes anticorpos protegem os tecidos e o sangue do bebê.

No entanto, muitas infecções atingem o bebê através das membranas mucosas do trato respiratório e gastrointestinal. O leite materno proporciona muitos fatores protetores para defender essas zonas. Nos últimos anos descobrimos que o leite materno fornece uma protecção eficaz e adaptada bioativamente para as mucosas, através de diversos mecanismos que não causam inflamação. Quando o corpo precisa proteger os tecidos e o sangue de uma infecção, o normal é que inicie complexos mecanismos para detê-la de forma eficiente. Infelizmente, estes mecanismos de defesa causam inflamação dos tecidos, uma vez que muitos leucócitos se deslocam até a zona infectada. Os leucócitos produzem uma série de substâncias bioativas. Estas substâncias bioativas induzem os sintomas da infecção (febre, dor, fadiga, perda de apetite, etc). Também podem causar a destruição de tecidos e um maior consumo de energia.

Ao contrário destes mecanismos de defesa, o leite humano proporciona uma série de componentes que defendem de forma eficiente sem induzir inflamação, sintomas de infecção, dano aos tecidos ou perda de energia. É óbvio que o leite humano fornece uma proteção especificamente adaptada para o recém-nascido e seu rápido crescimento. Um recém-nascido necessita utilizar toda a energia que obtém do alimento para crescer, não para lutar contra infecções. Sabemos agora que o leite humano contém uma série de sinais da mãe para o filho que dirigem ativamente muitas funções no bebê, incluindo a criação de mecanismos de defesa contra infecções. Estes efeitos protectores permanecem por muito tempo depois do fim da amamentação, e incluem uma melhor protecção contra algumas formas de infecção, a melhora de algumas respostas a vacinas, uma possível proteção contra a obesidade e a prevenção da doença celíaca sintomática.

Lars A. Hanson. Immunolobiogy of Human Milk: How Breastfeeding Protects Babies. Pharmasoft Publishing, 2004, pp. ix-x.

Fonte: Grupo Matrice

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